Romantic girl by Paolo Neo
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Outro dia eu vi uma lágrima em
seus olhos se formando, em seguida vi seu rosto se tensionando. Aquela lágrima,
que traduziria igualmente a dor, a alegria e o amor, por pouco não rolou. Neste
mesmo dia eu ouvi Bilac sussurrando ao meu ouvido:
A voz do amor
Nessa pupila rútila e molhada,
Refúgio arcano e sacro da Ternura,
A ampla noite do gozo e da loucura
Se desenrola, quente e embalsamada.
E quando a ansiosa vista desvairada
Embebo às vezes nessa noite escura,
Dela rompe uma voz, que, entrecortada
De soluços e cânticos, murmura...
É a voz do Amor, que, em teu olhar falando,
Num concerto de súplicas e gritos
Conta a história de todos os amores;
E vêm por ela, rindo e blasfemando,
Almas serenas, corações aflitos,
Tempestades de lágrimas e flores...
“Inexplicavelmente”, de vez em
quando, entre um verso e outro, um soneto me cai nas mãos. Este me deixou
especialmente encantado. Um lindo soneto, de ninguém menos que o “cravejador de
versos”, o “ourives da palavra”, parnasiano irrepreensível, “Príncipe
dos Poetas Brasileiros”, Olavo Bilac.
***
O Modernismo libertou a poesia
da armadura dos clássicos, felizmente, nossos modernismos estão permeados
de classicismos. Ainda bem!
Tenham boa semana!