segunda-feira, fevereiro 16

Ei, você aí, me dá um dinheiro aí...

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Para alguns o carnaval é apenas um dia de feriado, terça-feira, o merecido descanso.  Para outros, a maior festa popular do Brasil, estende-se, na verdade, de sexta a quarta-feira de cinzas. Já para uma meia dúzia de “folgados”, o feriadão pode ir muito além disso. Independentemente da folga de cada um, o que a maioria concorda é que o Carnaval é um período de total alienação.

Todas as teorias e convicções filosóficas caem por terra. Divertir-se é o que interessa, o resto... você sabe. Da total alienação fazem parte a economia doméstica, os empreendimentos, a preocupação com a falta d’água, tudo fica esquecido, até a leitura (ninguém vai ler isso). Enfim, tudo que não seja folia entra em um estado de hibernação. É como se o folião colocasse tudo em um saco jogasse no freezer e saísse para os três ou seis dias de folia e brincadeira, como diz a marchinha.

Na volta, feliz, porém cansado, arrebentado (seu cartão também), é que ele vai atinar para a insanidade que cometeu. Seu cachorro, se não comeu os jornais que o entregador jogou no jardim, morreu de fome, coitado! Houve apagão e o pouco que havia na geladeira, no freezer também, estragou, nem água gelada tem; todas as tarifas de serviços aumentaram; todas as contas, todos os impostos chegaram direitinho, aliás, o entregador de jornal e o carteiro, fantasiados de políticos, saíram no mesmo bloco, o bloco da traíra.

Não quero ser desmancha prazer (ou será que já fui), mas o bloco do Governo não dorme, e também "brinca". A portas fechadas, fantasiados de dragão da inflação, de carrasco, de mendigo ou de coletor de impostos, eles jogam spray de espuma nos seus olhos pra que você não veja nada e vão cantado aquela outra marchinha “ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí!”

Pois é, você é que não viu!