quinta-feira, março 11

Veleiros: Jóias dos mares

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Arquivo pessoal
Outro dia fui com minha filha a uma exposição internacional de veleiros. A não ser pelo sol escaldante que fazia naquela tarde de sábado, o passeio foi maravilhoso. Eram todos veleiros militares de nações amigas, do tipo navio-escola, para formação ou estágio de oficiais. Um programa com muitas curiosidades.

Estavam lá, majestosos, no pier da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, embarcações de países da America Latina, inclusive o nosso Cisne Branco, da Marinha do Brasil. Quém viu o desfile das embarcações na chegada ao porto diz que foi um espetáculo grandioso. Eram ao todo nove veleiros: Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, México, Uruguai, Venezuela e o da Espanha. Alguns deles tinham mais de cem metros de comprimento e tripulação em torno de 300 militares.


Arquivo pessoal


O universo das embarcações é fascinate. São muitos detalhes curiosos além de suas histórias e tradições. O barco com a forma que conhecemos hoje, com quilha e caverna, foi desenvolvido pelos Fenícios em torno do ano 1.000 a. C.



Um dos detalhes que mais me chamou a atenção nas embarcações que lá se encontravam, além da infinidade de cordas e cabos de comandos das velas, foram as imagens de proa, ou carrancas de proa, que apenas alguns possuíam. Só lembro de ter visto esse detalhe no veleiro argentino, o Libertad, e no chileno o Esmeralda. O chileno ostenta um imenso condor, símbolo do país. Não segue, portanto, aquele padrão de cara de monstro assustador, gárgulas ou dragões, no entanto, não deixa de ser muito interessante a escultura; é como se estivesse sobrevoando as águas levando o barco nas costas.


Arquivo pessoal
As carrancas geralmente representam figuras agresivas com bocas enormes abertas, mostrando os dentes caninos proeminentes. Costumam também fazer conjunto com o barco, como se o todo fosse um grande animal aquático.

Fonte: alltheweb.pictures

A tradição dessas imagens vem desde a antiguidade. Os egipcios, os vikings e os fenícios já as usavam, para espantar mal olhado, afastar os perigos dos mares e afugentar seus inimigos.
Fonte: alltheweb.pictures
No Brasil as carrancas ou figuras de proa surgiram no Rio São Francisco no século XIX. Inicialmente com o mesmo intuito das antigas imagens fenícias. Hoje elas são peças marcantes do artesanato nordestino.
Fonte: alltheweb.pictures

O passeio foi uma verdadeira aula de história, uma viagem. Desde a antiguidade, passamos, pelas grandes batalhas navais da Idade Média, grandes navegações e viemos parar às margens do Velho Chico. A gente até esquece que está na praça Mauá no Rio de Janeiro. "É hora de voltar para casa".

Boa viagem, quer dizer: boa semana a todos!