Já é outro dia! Muito preguiçosamente, lagarteando, acordei. Também, depois
de 12 horas de voo direto Londres-Rio, o que eu queria mesmo era dormir além da
conta. Qualquer atraso, culpa-se o Jet-leg.
A temperatura não é de estranhar; tá um friozinho gostoso por aqui,
favorável pra preguiçar, perder a hora na cama. Mas ao levantar e abrir as
cortinas, me dou conta de que os jardins viçosos, os gramados infinitos, as macieiras
carregadas e as exóticas “berries” não estavam lá fora.
Os sons também não são os mesmos. Durante os últimos três meses acostumei-me
a despertar com o canto dos imensos corvos negros no alto das torres de
chaminés, e dos “blackbirds” fazendo festa nos verdejantes gramados. Tudo isso também denuncia
que o amanhecer é outro.
É, eu estava mesmo de volta! Agora reconheço o quarto, a mesa, meus livros: Drummond, Pessoa, Machado, minhas Bíblias, fieis conselheiros de cabeceira.
Novos autores se juntarão a eles, mesmo não falando a mesma língua, mas são
todos do ramo.
Pouco a pouco a preguiça foi se desenroscando de mim e logo eu estava
desfazendo as malas.
Agora é sair por ai redescobrindo a paisagem e dando um alô pros amigos.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
(Canção do exílio – Gonçalves Dias)
Que saudade dessas palmeiras! Boa semana a todos!