quinta-feira, abril 2

Redação ENEM I

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Segundo o Ministério da Educação, em 2014, apenas 200 candidatos ao ENEM, menos de 1% do total, conseguiram nota 1000 na redação, enquanto, mais de 500 mil tiraram nota zero. Nos dois anos anteriores os resultados não foram muito diferentes. Em suma, o desempenho dos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio em redação tem sido sofrível.  O que significa dizer que o aluno não está adquirindo as competências preconizadas pelo MEC e sugeridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Isto porque, o problema não reside apenas na questão da produção textual. Para começo de conversa, redigir uma dissertação não é tarefa fácil, principalmente para o aluno do Ensino Médio. Escrever um texto dissertativo-argumentativo pressupõe pelo menos duas competências importantes que precedem, em muito, o ato de escrever.
A primeira delas reside na ideia de que ninguém escreve sobre o que não conhece, assim como não fala do que não sabe. Ou seja, se o candidato não adquiriu os conhecimentos necessários, principalmente referente à sociedade em que vive e às questões contemporâneas que a afetam, embora saibamos que o tema só é conhecido na hora H, não se aproximará do assunto a ponto de defendê-lo com argumentos consistentes. O aluno não construiu os conhecimentos de mundo, enciclopédico, interacional e contextual necessários.
A outra competência consiste no princípio de que para que se possa argumentar sobre qualquer assunto, ou seja, defendê-lo sob um determinado ponto de vista, é necessário que se tenha opinião formada sobre ele. Neste ponto o aluno carece da leitura proficiente, da capacidade de análise crítica do texto e da aproximação com os fatos sociais, que deveriam ter sido promovidos durante a educação básica para desenvolver a competência discursiva. Portanto, não basta ter à mão uma “receitinha de bolo” para se escrever uma boa redação.  
Primeiro, precisamos formar o cidadão crítico, consciente das suas habilidades e responsabilidades, imerso nas suas questões sociais e políticas, ou seja, a competência comunicativa plena, depois se fala de competência textual, que é apenas um dos aspectos.

Foto: acervo particular