sábado, julho 16

Um estranho no paraiso

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Fonte própria



A FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorre todo ano, geralmente em julho, leva muitos cariocas ao sul do Estado do Rio. São várias as opções de deslocamento até lá. Pode-se chegar pelo ar, pois a cidade dispõe de um aeroporto para aeronaves de pequeno porte; pode-se chegar de lancha; de ônibus de linha regular ou de excursões; de automóvel; moto; há até quem se aventure a fazer os mais de 250 km de bike. A paisagem, após o perímetro urbano do Rio, é de tirar o fôlego em todo o restante do percurso. Compensa qualquer sacrifício.


Para quem vai pela estrada (Rio-Santos), que serpenteia entre o mar e as montanhas, é possível apreciar lindas enseadas, muitas ilhas e pequenas praias paradisíacas. Infelizmente, nem tudo nesta visão do paraíso agrada aos olhos mais atentos.


Mais ou menos pela metade da viagem, no município de Angra dos Reis, o turista depara-se com uma imagem desagradável e contrastante com aquela beleza toda. Logo depois do perímetro urbano de Angra, à esquerda de quem segue para o sul, é possível ver também, bem próximo à estrada, as instalações da Usina Nuclear de Angra I. Um ovo de serpente no ninho do pássaro.


É inacreditável que mesmo depois de tantos exemplos trágicos no uso de material radioativo pelo mundo, o Brasil ainda insista nos projetos das usinas nucleares para a produção de energia elétrica. Nós sabemos que as pesquisas com radioisótopos são importantes para a industria e para a medicina, mas para a produção de energia elétrica a matriz energética brasileira oferece várias outras alternativas. Os projetos voltados para a energia solar e energia eólica, por exemplo, são viáveis e nosso potencial hidroelétrico é indiscutível. Porque então insistir em energia nuclear, cujo projeto se arrasta capengando há mais de 25 anos, a um custo altíssimo e um benefício questionável? Aliás, enquanto o Brasil pretende ainda implantar outras usinas além de Angra III, que ainda nem foi concluída, a Alemanha planeja desativar as suas num prazo de 11 anos.


O mundo recua diante do potencial nefasto da energia nuclear, porque nós devemos ir em frente? Será que não vale aprender com os erros dos outros...





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