sexta-feira, dezembro 28

Alô Terráqueos!

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New years in village by Jon Sullivan
...eu continuo por aqui! E só agora me dei conta de que o mundo não acabou!... mas cheguei a achar que fosse acabar mesmo...como uma bola de fogo talvez: Rio 43,2 graus, sensação de 50...todo mundo fugindo para as praias... teve até gente promovendo o baile do fim do mundo. O pior é pra quem bebeu todas, se endividou todo e pegou todas, achando que a profecia maia era coisa séria. Deve ser o fimdomundo! 

A verdade é que essas profecias escatológicas já venderam muita literatura, mas ainda não conseguiram por fim a esse velho mundo. O homem até tem contribuído para a destruição, mas o planetinha azul tem resistido firme, quer dizer, mais ou menos. E ainda veremos muitas profecias, ou não. Afinal de contas, as coisas acabam quando menos se espera: o gás, a luz, o combustível, o salário; com o mundo não deve ser diferente. Quando ele tiver que acabar mesmo a gente nem vai perceber. Então temos que continuar por aqui, senão, quem lerá as novas profecias, não é mesmo?

E já que o mundo não acabou, continuaremos por aqui, blogando. É certo que 2013 não é um número que inspire bons presságios, mas se existe alguma profecia apocalíptica para ano que vem, deve ser mais um fiasco, creia! Ou melhor, não creia!
Profecias à parte, 2013 será um Feliz Ano Novo para todos! É só acreditar.
Bjos!
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quinta-feira, dezembro 20

Árvores de Natal

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***
A tradição de enfeitar árvores para o Natal é um ritual antiquíssimo, e são muitas as versões sobre sua origem.  No início, era uma prática pagã, posteriormente, foi assimilada pelo cristianismo. Estabeleceu-se no norte da Europa, terra dos pinheiros, a árvore de Natal clássica, no começo do século XVI. Portanto, não é uma tradição tropical, mas sim nórdica. Mas, a tradição chegou à terra brazuca.

E brasileiro gosta de coisa grande. Tornou-se agenda de dezembro a inauguração da Árvore de Natal e a Chegada de Papai Noel em todas as capitais do país. Daí surgem as disputas pela vaga de maior árvore do Brasil, a árvore mais bonita do Brasil, a maior árvore flutuante do Brasil, a maior arvore ecológica (de reciclados), etc.
Fortaleza - CE

Estive recentemente em Fortaleza e tive a oportunidade de apreciar a árvore de natal cearense, na Praça Portugal (a da praça do Ferreira pegou fogo). Muito bonita, “diferente”, valoriza a arte regional, e gigantesca, tem mais de 60 metros. No entanto, já não é novidade. Sei que meu irmão cearense é muito criativo, sua habilidade vai bem além disso. A árvore é linda, sem duvida, principalmente à noite, mas o turista que vai todo ano à capital cearense curtir suas belas praias e a deliciosa culinária, já percebeu que todo ano a árvore segue o mesmo projeto desde 2007; é feita de redes. Isso mesmo, redes de dormir. O conterrâneo, está subestimando sua criatividade; tá na hora de mudar.
Rio de Janeiro - RJ

A do Rio de Janeiro, a árvore da lagoa (85 metros e mais de 3 milhões de microlampadas) é a maior árvore flutuante do mundo, a de Aracaju, Sergipe, que detinha o título de maior do Brasil e do mundo (Em sua 22ª edição (2010) media 127,99 metros - Guiness Book), não será erguida este ano (uma pena!), e por aí vai Brasil afora, ou a  dentro!
Aracaju - SE

O mais importante é comemorar o Natal, em paz e harmonia, cercados de boas companhias. E confraternizar!
*Feliz Natal!*
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quinta-feira, dezembro 13

Centenário de Luis Gonzaga, O Rei do Baião

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Luis Gonzaga nasceu no dia 13 de Dezembrode 1912, numa fazenda, no povoado chamado Araripe, a 12 km de Exu-PE. Um fato interessante é que ele deveria ter o mesmo nome do pai: Januário José dos Santos, mas na madrugada do seu nascimento o pai foi ao terreiro da casa e viu uma estrela cadente, por causa desse evento colocou o nome do santo do dia São Luis Gonzaga, e por ter nascido no mês do Natal, colocou o sobrenome Nascimento.

Seu pai trabalhava na roça, e tocava acordeon nas horas vagas, foi com ele que aprendeu a tocar. Desde muito cedo começou a se apresentar em bailes, feiras acompanhando o pai. Luis se manteve fiel as suas origens e se consagrou cantando o baião.

Luis aos 18 anos se apaixonou por Nazarena e foi rejeitado pela familia da moça , até ameaçado de morte, revoltado por não poder casar com a moça, ingressou no exército na cidade do Crato-Ce , passou nove anos sem dar notícias, viajou por vários estados. Em 1939, deu baixa no exército e foi tentar a carreira de músico, não obteve muito sucesso, só em 1941 tocando a música "Vira e Mexe" de sua autoria no programa de Ari Barroso foi aplaudido, o que lhe valeu um contrato, foi sua primeira música gravada em disco. Foi contratado da Rádio Nacional, nesse período ele começou a se apresentar com roupa de vaqueiro.

Em 1945 gravou sua primeira música cantada "Dança mariquinha"

Em 1946 Luis voltou a Exu para rever seus pais e compos a música Respeita Januário onde narra o reencontro.

Em 1947 compôs a música "Asa Branca" junto como cearense Humberto Teixeira.




Em 1948 casou-se com Helena Cavalcanti com quem viveria até o fim da vida, não teve filhos biológicos, mas adotou antes do casamento um garoto de sua amante na época; que se chamaria  Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Gonzaguina) e com sua esposa uma garota chamada Rosa.

Luis teve uma relação muito conturbada com o filho a quem amava, eles só se entenderam em 1979, quando fizeram uma viagem juntos pelo Brasil e Gonzaguinha compôs várias musicas para o pai, eles finalmente ficaram amigos.

Luis Gonzaga sofria de osteoporose. Morreu de parada cardiorespitória no Hospital Santa Joana no Recife-Pe em 2 de agosto de 1989.



Está em cartaz nos cinemas, o filme de Breno Silveira Gonzaga, De Pai Pra Filho, narrando a relação conturbada de Luiz Gonzaga com o filho Gonzaguinha.


Luiz Gonzaga é conhecido como o rei do Baião, quem teve o privilégio de assistir a um dos seus shows sabe como o título é apropriado.

Conheça mais sobre a vida e obra de Luis Gonzaga aqui
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segunda-feira, dezembro 10

...me lembrou Clarice

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“...ah, me corrói a ideia de ver que o blog esta há dias sem atualização, fazer o quê? Não tem dado... Até tenho algumas ideias, poemas, sempre algum na manga,  mas só isso não basta; as ideias tem que ir pro papel, tem que revisar ilustrar, postar enfim. Quisera eu fosse tudo tão simples...pra completar é dezembro. Fim de ano é uma coisa! Compromissos com a família, Natal, compras, shopping lotado, amigo oculto. A gente se envolve com tanta coisa que acaba não dando conta. Tenho que arrumar um tempinho, blog também é compromisso, se de todo não der, daqui a pouco esse estresse todo passa e eu volto a escrever...é só uma fase.”

 Não sei porque mas este breve monólogo me lembrou Clarice:

Com seu estilo literário introspectivo Clarice Lispector (Tchetchelnik, 10/12/1920 — Rio de Janeiro, 9/12/1977), de origem judaica, foi uma escritora e jornalista brasileira, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira.

Escritora por vocação, brasileira por opção, Clarice foi escritora da alma feminina, mestra das epifanias e fluxos de consciência na construção de seus personagens. Deixou-nos de presente muitas obras, tais como: A hora da estrela, Laços de família, Perto do coração selvagem.

 Hoje, 10 de dezembro, é seu aniversário de nascimento.
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sexta-feira, novembro 30

Em que consiste a poesia

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Alguns versos
by Tony

O que faz de uns poucos versos poesia
É o sangue que corre em suas linhas
É falar de dores que também são minhas
É toda a vida que neles já existia.

O que faz de alguns versos poesia
São metáforas calcadas na verdade,
São vidas contadas sem vaidade.
São meias-verdades ou pura fantasia.

***
Um bom final de semana a todos!
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sexta-feira, novembro 23

X Bienal Internacional do Livro do Ceará

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Encerrou-se 18/11 a X Bienal Internacional do Livro do Ceará. Fui conferir. Não teve a dimensão da Bienal de São Paulo ou do Rio de Janeiro, mas não ficou muito distante nos números. Afinal, uma Bienal do Livro seja onde for é o paraíso para os leitores (editores e escritores também).

A 22ª Bienal do Livro de São Paulo. Entre 9 e 19 de agosto, reuniu cerca de 750 mil visitantes.
Durante a XV Bienal do Livro Rio, de 1 a 11 de setembro de 2011, passaram pelo Riocentro, no Rio de Janeiro, 670 mil pessoas.
A X Bienal do Livro Ceará, de 8 a 18 de novembro, teve um público estimado de 600 mil pessoas.

Cada bienal tem as suas particularidades. A Bienal Internacional do Livro do Ceará valoriza o escritor e o editor local e regional, sem esquecer as editoras nacionais e editoras universitárias. No Centro de Eventos do Ceará havia uma grande área no térreo do pavilhão D, onde se realizou o evento, reservada para cordelistas, repentistas e suas editoras. Neste espaço houve uma interessante exposição de prelos, maquinas tipográficas antigas, utilizadas por renomados editores de Literatura de Cordel. Dentre elas podia ser vista uma tipografia manual de 1880. Este espaço foi ainda palco de grandes homenagens ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que foi muito cantado pelos cordelistas, pela passagem do centenário de seu nascimento.

A Bienal do Livro teve por tema “Padaria Espiritual – O Pão do Espírito para o Mundo”, uma homenagem aos 120 anos de um movimento artístico que agitou Fortaleza do final do século XIX com o humor, por iniciativa de um grupo de escritores, pintores e músicos que promoveram intensas atividades de renovação artística e literária.

Vale destacar que ao contrário das bienais do sul do país a bienal do Livro do Ceará teve entrada franca e a grande massa de visitantes era de escolares.

Durante o evento foram lembrados ainda os 90 anos da Semana de Arte Moderna, e os centenários do dos escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues; e do cantador e violeiro Joaquim Batista de Sena, representante da poesia popular nordestina.

 Bom final de semana!
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domingo, novembro 11

A poesia se reinventa.

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medieval poet
By: Nikada


O poeta de rua é uma das manifestações culturais mais antigas. A poesia, na oralidade, foi por muitos séculos um grande mecanismo de comunicação. O gênero lírico teve os seus rapsodos e aedos, na Grécia antiga, os bardos e trovadores, na Península Ibérica, os cordelistas e repentistas, no Brasil e outros países da America Latina, mais modernamente os Rappers, nos Estados Unidos, e muitos outras vertentes de poetas populares.

Uma nova onda dá roupagem "nova" ao poeta itinerante. Em São Paulo poetas encontram-se mensalmente para uma espécie de concurso de poesia de rua. Dispostos na estação do metrô Guilhermina de maneira informal, os poetas disputam a aprovação dos ouvintes apenas com os recursos de voz e gestos. Os poemas têm que ser de sua própria autoria e a declamação não deve ultrapassar  os três minutos.

Isto é o Slam, um termo inglês que significa “pancada”, e que começou nos Estados Unidos na década de 80 em Chicago, quando Marc Smith começou a organizar eventos de declamação abertos para todos e que priorizava as poesias dos próprios artistas.

O slam, que lembra muito o Rap e o Hip hop, busca valorizar a oralidade e originalidade dos poetas que se apresentam ao ar livre. A onda pegou e já houve até concurso internacional de slam, na França. No Brasil, sabe-se de eventos principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. É a poesia se reinventando e realizando-se plenamente na oralidade.
***

Boa semana!
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domingo, outubro 28

Eterna busca de si

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Arqueologia
 .by Tony

Escravo, cavo, escavo;
Busco de meus vestígios um sinal,
Minha bandeira na terra cravo.
Se me desconstruo, me encontro;
Tantas vezes, nem conto!
 .
Construo minha própria arqueologia.
Cacos que reajunto, montam, contam,
Remontam minha tosca genealogia.
Lembranças fossilizadas revelam,
Meus podres ossos por elas velam.
 .
Uma vez barro, hoje pó,
Assim, entre ossadas alheias,
Outra vez me encontro só.

...
Tenham um bom domingo!
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quinta-feira, outubro 18

Espírito de Emily

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A gente se afeiçoa ao autor, ao poeta e quando vê está completamente apaixonado. As vezes chega até a imitar seus cacoetes, falando palavras dele ou dela; falando até coisas que o autor não disse. Mas, num tom que ele poderia ter dito. Por fim, acaba impregnado por um espírito afim, que parece querer se manifestar através de você. Aí a intertextualidade fica visível, insustentável.

Certa vez, após alguns estudos de Literatura Americana percebi que ficou em mim um certo apreço por Emily Dickinson. Nesse período sem presunção ou intenção de parodiá-la, escrevi frases  que ela não disse, mas, se a conheci um pouco, poderia perfeitamente tê-las dito.


Espírito de Emily

by Tony

Abstenho-me de viver
A vida que se me oferece-
Do Claustro retiro a Alegria-
Dos Versos - o que minh’alma carece. 
***
Minha Poesia é para o mundo
A única Janela -
Ninguém virá até mim
Senão através dela.

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Bom final de semana!

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sexta-feira, outubro 12

Ler: todo dia é dia

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Bookshelves at the library by Westcott Phillip, 
U.S. Fish and Wildlife Service

Você não sabia! Pois é: o dia 12 de outubro também é dedicado à leitura. Foi instituído por lei no Governo Lula. Pouca gente sabe.

Em meio a duas comemorações tão importantes como o Dia da Criança e o Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, que se comemoram na mesma data, o Dia da Leitura estava mesmo fadado ao esquecimento.

Mas, como todo dia é dia de leitura, vamos deixar as crianças brincar, depois voltamos à leitura. Contudo, avalie a possibilidade de presentear um livro a uma criança, e, se possível, leia para ela. Seu presente poderá ser inesquecível!

Bom feriadão e boas leituras. E não esqueça: a leitura também pode ser uma grande viagem!
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domingo, outubro 7

Poesia & marketing político

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Foto: fuse

Olha a rima; o negócio é rimar! Candidatos descobrem a rima. A poesia está fazendo a festa dos candidatos às eleições 2012. Refrões do tipo “Chegou a nossa vez, conto com vocês”, “Não esqueça, Fulano na cabeça”, “Para melhorar, tem que mudar” e muitas outras estão impregnando nosso cérebro. Algumas até muito criativas; não vou citá-las aqui para não promover o candidato. Não é essa a intenção.

Agora, aquelas paródias pegajosas são menos “interessantes”. Parece que impregnam no cérebro da gente. É como um vírus, quando vê você está cantando a "musiquinha", e nem conhece o candidato! É uma tortura. Mas está acabando. Quer dizer, vamos torcer para não haver segundo turno.

Mas, pelo menos um aspecto positivo: a poesia está em alta.
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quinta-feira, outubro 4

Falsebook: Pequenas mentiras

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Foto: VikaValter - Colecção: Vetta


Na visão cristã não existe mentira pequena e mentira grande. Tudo é mentira. E, embora não seja um dos sete capitais, mentir também é pecado.

Na verdade, deixando a questão do pecado de lado, se observarmos a nossa rotina vamos perceber que as pequenas mentiras são constantes em nossas vidas, e queiramos ou não, são necessárias para a sobrevivência em sociedade.

Além de termos que contar das nossa, também temos que engolir algumas indigestas.

As mentirinhas já aparecem logo cedo. Mesmo naqueles dias em que você acorda com o pé esquerdo,  não tem nada dando certo, num cumprimento matinal com os amigos você responde "Tudo bem! e você?". Tem aquelas mentirinhas que você é obrigado a dizer ao telefone para fugir de pessoas indesejáveis ou do temível telemarketing; aquelas ditas na rua quando da abordagem de estranhos; as mentiras que as mulheres contam para as amigas; as mentiras que os homens contam no bar depois da pelada, depois da pescaria ou depois da relação amorosa; as mentiras sociais contemporâneas: do tipo o morro está pacificado; eu não serei candidato a reeleição, O Brasil é o país do futuro (ô futuro que não chega, sô!).

Tem também as mentirinhas que os homens contam para suas parceiras; as mentirinhas postadas nas redes sociais, nos seus perfis; as mentirinhas que as pessoas colocam nos seus Currículos quanto à formação, cursos e experiência. E ultimamente temos que engolir as mentiras que os políticos contam para conquistar o voto do eleitor. Tem cada uma!

Tudo bem que você não pode ser verdadeiro o tempo todo senão vira uma presa fácil, mas tem historinhas que não dá para engolir!

Afinal, seríamos nós, todos personagens de um Falsebook na vida social?!

Abraços!
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domingo, setembro 30

Primavera & poesia

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Desde 22 de setembro e até 21 de dezembro, vivemos a Primavera no hemisfério sul. É a estação tipicamente associada ao reflorescimento da flora e da fauna. A Primavera está associada ao desabrochar das flores e ao cenário dos amores.

A este cenário tão poético e tão fértil, o autor dos mais belos versos de amor da língua portuguesa não poderia ter passado indiferente.

Este é um soneto camoniano dedicado à estação dos amantes.

XXVIII

Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas belas faces, e na boca e testa,
Cecéns, rosas, e cravos debuxando.

De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio, e a floresta,
Se estão de vós, Senhora, namorando.

Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruto destas flores,
Perderão toda a graça os vossos olhos.

Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse o Amor em vós amores,
Se vossa condição produz abrolhos.

 (Camões. Rimas, 1595)
 
Boa semana a todos!
***

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quarta-feira, setembro 26

Invasão alienígena

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...

Eu sabia que isto um dia ia acabar acontecendo. Os Aliens finalmente invadiram a terra.

Não eram muitos, mas se duplicavam com enorme facilidade e falavam uma língua muito estranha, enrolada. Já haviam chegado ao meu bairro. Circulavam em volta do meu corpo já caído, “dominado”. Pareciam todos iguais: altos, pernas compridas, quatro delas; duas cabeças, cada uma com dois olhos, duas orelhas, tudo em dobro. Muito estranhos, fluídos, deformados, e “duplicados”. E, pasmem, não eram verdes! Talvez um pouco amarelados.

Seus movimentos giratórios a minha volta pareciam uma estratégia para me intimidar, para me confundir. E, que eles não saibam, estava funcionando. Deixaram-me completamente tonto.

Todo o meu entorno era instável, sísmico. Tive a impressão de que um deles, pelo menos, já havia se alojado no meu estômago, e outro, talvez, na cabeça, como um parasita, igual acontece nos filmes de invasão alienígena.

As coisas continuavam a girar. Mesas e cadeiras também flutuavam. Agora viravam tudo de cabeça para baixo; seria o meu fim.

Um cheiro etílico, nauseante, tomava conta do ambiente. As criaturas, que pareciam ter um especial interesse em mim, continuavam a tortura, girando em torno do meu corpo, até que um deles fez contato. Sua aparência não era de todo estranha. Aproximou-se, agachou-se nas suas quatro pernas até o chão onde eu me encontrava e proferiu algo que me pareceu compreensível, embora meu corpo não pudesse ainda obedecê-lo.

- Aí parceiro, irch, acorda! Levanta! O bar vai fechar. Irch!

- Irch!
 
by Tony

 

Licença Creative Commons
O trabalho Invasão alienígena de Tony foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://vozativa2.blogspot.com.br/.
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quinta-feira, setembro 20

Jorge, cem anos Amado

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Arquivo ABL

Jorge, Amado, idolatrado, filho do País do Carnaval, da Bahia, Bahia de São Jorge, dos Ilhéus, Bahia do Cacau, de Todos os Santos.  Filho de tantas mães, de santo; pai de tantos brasileiros, personagens; pai do Menino Grapiúna, de Tieta, de Teresa Batista, de Gabriela e de tantos outros, criados nas areias, com Cravo e Canela. Na Estrada do Mar sua poesia traça sua Biografia.

Em seus romances o autor escreveu sobre o Amor do Soldado, o Mundo da Paz e da Hora da Guerra; da Tenda dos Milagres e do Sumiço da Santa.

Jorge Leal Amado de Faria (10/08/1912-6/08/2001), que assumiu a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras em 1961, foi um dos homenageados da XXII Bienal Internacional do Livro de São Paulo, ocorrida em agosto 2012. Desde o início do ano, centenas de eventos pelo Brasil e pelo mundo celebram o centenário de nascimento de Jorge Amado.

Seu romance é a Bahia, de todos os homens, de todos os santos, do nordeste, do Brasil. De Jequié para o mundo, Amado, inesquecível, Jorge.

 
Bom final de semana!
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sábado, setembro 15

Emoções nas entrelinhas

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Líricas missivas
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A pena verte sangue que fervilha,
O que a alma sussurra aos meus ouvidos
A mão obediente e servil trilha
Caminhos muitas vezes percorridos.

Meu coração que tudo compartilha,
Conecta-se por todos os sentidos,
De suas emoções se desvencilha
E as entrega em versos convertidos.

Por linhas e entrelinhas expressivas
Posta-me ao juízo dos leitores,
Revela emoções então passivas,

Por certo até mesmo dissabores.
Confessa em tais líricas missivas
Minhas decepções, prazeres e amores.
(Tony - 2012)
 
&&&
Este soneto foi publicado na Antologia da AllPrint Editora, XXII Bienal Internacional do Livro de São Paulo - 2012.
Bom final de semana a todos!
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sexta-feira, setembro 7

Cotas: ensino de qualidade é o que precisamos

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“I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.” (Martin Luther King, Jr.)

 Não ser julgado pela cor da pele foi uma das grandes conquistas de homens e mulheres na luta pela igualdade de direitos na sociedade moderna. Estabelecermos agora, em pleno terceiro milênio, um sistema seletivo de cotas étnicas, seja para acesso a universidades, emprego ou qualquer outro benefício, não seria jogar por terra todas essas conquistas?

 A pesquisa cientifica, não fixa pré-requisitos com base na cor da pele, dos olhos ou do cabelo do futuro pesquisador, mas sim, espera que ele esteja munido das habilidades e competências necessárias ao prosseguimento de estudos em um campo específico do conhecimento, o que o sistema regular de ensino, seja público ou privado, deveria prover.
 
 Não se engana a si mesmo aquele que lança mão desses critérios “inclusivos”? Não “se engana” o Governo, que desta forma mascara resultados do Sistema de Ensino?

O que precisamos é de um ensino de qualidade; os méritos aparecerão naturalmente. Cotas? O Governo que dê a sua "cota", de sacrifício.

 
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terça-feira, setembro 4

erotismo & poesia

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Orion nebula space galaxy on Public Domain Images


A poesia é o lugar geográfico do pensamento onde a língua, sem esforço, se solta para exercer sua plenitude e assim transcender os limites do imaginário, do dizível e do indizível.
O poeta, no exercício dessa plenitude, não fica alheio a sua condição humana. O erótico, o exótico são igualmente matéria-prima da poesia, embora na maioria das vezes não apareça, de forma explícita.
Às vezes me surpreendo, e até me repreendo, escrevendo sobre essas coisas, menos ortodoxas.
Inflorescência
  
De beleza exótica,
Flagrante,
É tua inflorescência.
Como também fragrante
Naturalmente erótica,
Sua instigante essência.
.
Secretamente incendida.
De oleaginosa flor,
Doce essência do mel,
Seiva do amor.
 
Boa semana a todos!
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quarta-feira, agosto 29

Coisas do anjo torto

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Orchid red by Jon Sullivan
  
As Bienais, Feiras de Livros e Festas Literárias em geral têm sempre como um de seus espaços temáticos a homenagem a um escritor renomado ou centenário. A Bienal de São Paulo deste ano homenageou Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Na Festa Literária Internacional de Paraty – 2012, foi a vez de Carlos Drummond de Andrade, quando foram promovidas muitas palestras, mesas redondas e reedição de sua obra: Alguma poesia, Brejo das almas, Sentimento do mundo, a obra drummondiana é extensa. E por falar nela, um ponto delicado, e às vezes polêmico, é o livro O amor natural, publicado em 1992. Não é comum se esmiuçar esta obra em discussões públicas, mesas redondas ou eventos voltados à critica literária.
 
Lembro-me de uma passagem curiosa, senão engraçada, com relação a este “livrinho”. Certa vez, num primeiro encontro com uma certa “fã”, dentre outras coisas, falamos de poesia. Até aí, nada de mais. Cheguei a ler alguns poemas para ela, dentre os quais havia um dessa coletânea. A moça arregalou seu par de olhos, violentados, e por pouco não se enfiou chão adentro. Ainda bem que ela não julgou minhas intenções pela leitura! A gente ainda se vê.
 
O amor natural, que alguns consideram pornográfico, é o livro de poemas eróticos de Drummond, a pedido seu, publicados  somente após sua morte. O poema que li naquela ocasião foi o seguinte:
***
A língua lambe
.
A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
 
E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
(ANDRADE, C. D. O Amor Natural. São Paulo: Record, 1992.)
...
 Não dá pra ruborizar as leitoras mais desavisadas? Mas, antes de ser fingidor, poeta é humano, não vê apenas pedras no caminho, mas também “flores”.
Põe na conta do “anjo torto”!
 
 
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