domingo, julho 31

Colhendo poesia

Comments
 
Sair a colher poesia, de certa forma, é semelhante ao que ocorre a alguém que sai a colher flores. É preciso ter os olhos bem abertos, ouvidos do coração despertos e olfato a serviço de olores diversos. Para que, assim, não se perca de vista sequer a mais singela das flores ou o mais suave aroma silvestre, nem se ignore a forma mais sutil. Para isto é bom que se tenha as janelas do coração bem abertas.


Vez por outra retornamos tristes sem nada que possa um simples vaso enfeitar, em raras ocasiões voltamos floridos, com prontas estrofes a rimar. Colhemos letras, montamos palavras. Embora simples flores silvestres, atadas num mesmo feixe, podem com seu perfume inebriar e, de forma sutil, a vida embelezar. Palavras de mãos dadas e flores em feixe bem atadas revelam segredos que numa letra não cabe e que a palavra mais rara não sabe.


Assim seria colher versos. É tal qual pelos jardins andar. Aqui, ali, uma erva daninha pisar, até, por fim, alguma beleza encontrar. Por vezes trazemos braçadas de lindas rosas abertas, por outras, simples botões por desabrochar.


Boa semana a todos!
Leia +...
quarta-feira, julho 27

Abrindo caminhos

Comments
 




Dizia o escritor espanhol Antonio Machado que os caminhos não existem, nós os construímos ao caminhar. Isto é bem verdade. Basta um primeiro passo para começarmos uma nova jornada, por maior que pareça. E também, para darmos uma guinada na vida precisa haver este primeiro passo.

Contudo, com a mesma facilidade com que podemos abrir nossos caminhos, também criamos barreiras, obstáculos para nós mesmos. Aos poucos construímos cercas ou grades intangíveis que vão nos aprisionando em nosso próprio mundinho particular. Assim, não conseguimos estender muito os nossos caminhos. Não conseguimos ir além dos horizontes artificiais que impomos a nós mesmos. É claro que falo de barreiras invisíveis, ou seja, barreiras psicológicas, morais, religiosas, éticas, etc. In suma, limites fundados sobre princípios que muitas vezes até já perderam a validade neste mundo moderno em que vivemos.

Assim, para que possamos dar o primeiro passo e abrir caminhos, como disse Machado, é preciso que antes de tudo tomemos coragem para romper com as barreiras, com as travas que nós nos colocamos e que nos impede de sair da inércia.

A comodidade e o conforto, sonhos de consumo, podem muitas vezes desencadear o mêdo do novo, o receio de viver desafios, de correr riscos. Assim não se abre caminhos. Viver impõe riscos.

Está na hora de revermos os nossos limites!


António Machado (1875-1939).




Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.

O poema faz parte de um conjunto de provérbios e cantares.
Leia +...
quarta-feira, julho 20

Coração menino!

Comments
 



Levei meu coração para tomar banho de sol. Ver algo além das grades frias cerceadoras a que se acostumara. Dava gosto de ver tanta alegria! Parecia criança quando desce para o play.


Ao ver-se na luz, naquele espaço infinito, junto a seus pares, correu, pulou, acelerou, fez amizades, brincou com tudo e com todos. Por algumas horas até se esqueceria da sua condição de detento.


Como criança, divertiu-se sem cerimônia. Brincou com brinquedos que não lhe pertenciam, provou nacos do lanche dos coleguinhas, balançou, caiu, levantou, lambuzou-se. Enfim, ali foi criança enquanto pode.


Mas, aquela alegria tinha hora certa para acabar. Na hora de voltar para casa, quem disse que ele se conformava! Todos os amiguinhos já haviam se recolhido, exceto um coração de menina que também insistia em ficar. Aquele coração menino, que experimentava o dom de voar, via então as grades do tempo se fecharem sobre si.


Caía a noite, seu tempo expirava. Foi de cortar coração ter que conduzi-lo de volta.


Ah, coração... me perdoa!?

Leia +...
sábado, julho 16

Um estranho no paraiso

Comments
 


Fonte própria



A FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorre todo ano, geralmente em julho, leva muitos cariocas ao sul do Estado do Rio. São várias as opções de deslocamento até lá. Pode-se chegar pelo ar, pois a cidade dispõe de um aeroporto para aeronaves de pequeno porte; pode-se chegar de lancha; de ônibus de linha regular ou de excursões; de automóvel; moto; há até quem se aventure a fazer os mais de 250 km de bike. A paisagem, após o perímetro urbano do Rio, é de tirar o fôlego em todo o restante do percurso. Compensa qualquer sacrifício.


Para quem vai pela estrada (Rio-Santos), que serpenteia entre o mar e as montanhas, é possível apreciar lindas enseadas, muitas ilhas e pequenas praias paradisíacas. Infelizmente, nem tudo nesta visão do paraíso agrada aos olhos mais atentos.


Mais ou menos pela metade da viagem, no município de Angra dos Reis, o turista depara-se com uma imagem desagradável e contrastante com aquela beleza toda. Logo depois do perímetro urbano de Angra, à esquerda de quem segue para o sul, é possível ver também, bem próximo à estrada, as instalações da Usina Nuclear de Angra I. Um ovo de serpente no ninho do pássaro.


É inacreditável que mesmo depois de tantos exemplos trágicos no uso de material radioativo pelo mundo, o Brasil ainda insista nos projetos das usinas nucleares para a produção de energia elétrica. Nós sabemos que as pesquisas com radioisótopos são importantes para a industria e para a medicina, mas para a produção de energia elétrica a matriz energética brasileira oferece várias outras alternativas. Os projetos voltados para a energia solar e energia eólica, por exemplo, são viáveis e nosso potencial hidroelétrico é indiscutível. Porque então insistir em energia nuclear, cujo projeto se arrasta capengando há mais de 25 anos, a um custo altíssimo e um benefício questionável? Aliás, enquanto o Brasil pretende ainda implantar outras usinas além de Angra III, que ainda nem foi concluída, a Alemanha planeja desativar as suas num prazo de 11 anos.


O mundo recua diante do potencial nefasto da energia nuclear, porque nós devemos ir em frente? Será que não vale aprender com os erros dos outros...





Fonteprópria

Leia +...
quinta-feira, julho 14

Jogos Mundiais Militares

 
O Rio de Janeiro vai sediar os 5° Jogos Mundiais Militares do CISM(Conselho Internacional do Esporte Militar) e acontecerá de 16 a 24 de julho de 2011,participarão do evento mais de 4000 atletas oriundos de 112 países, é o maior evento desse tipo já realizado no Brasil.

Os atletas competirão em 20 modalidades esportivas.
A delegação brasileira será composta por 268 atletas. Por ser o país sede participará de todas as modalidades.
O nome do mascote da competição é Arion, palavra de origem Grega, que significa "O que tem energia".

A cerimonia de abertura será no Estádio Olímpico João Havelange (o Engenhão) a partir das 16h, de sábado (16), terá a presença de Pelé,  o mesmo foi escolhido para acender a pira da quinta edição dos jogos, que contará com a presença de vários cantores, crianças com fantasias nas cores do Brasil, entrada triunfal do mascote, entre outros.

Os ingressos  para o evento foi distribuídos gratuitamente, limitados a no máximo dois ingressos por pessoa.

Vale a pena conferir.




Leia +...
segunda-feira, julho 11

De volta à FLIP

Comments
 



Foto tomada do pier




Terminou ontem (10/07) o mais importante festival literário da América Latina; A FLIP 2011. Sinto-me uma pessoa privilegiada por ter tido, mais uma vez, a oportunidade de testemunhar um evento dessa magnitude. De quarta a domingo Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, fervilhou de programas literários, onde autores, nacionais e estrangeiros, e muitos visitantes ávidos por novas leituras se esbarravam nas ruas.


Deixando de lado os atrativos próprios da cidade, que é Patrimonio Historico Nacional desde 1966 e candidata a Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, a Festa Literária Internacional de Paraty oferece tantas opções que, embora os eventos oficiais não ocorram simultaneamente, o visitante fica atordoado na hora de decidir o que gostaria de apreciar: as livrarias, as celebridades, os eventos oficiais ou as atividades paralelas?


Tem as exposições, entrevistas e painéis sobre o homenageado, desta vez o modernista, vanguardista, Oswald de Andrade; a programação oficial de autores e convidados especiais; Tem a Flipinha, dedicada às crianças; tem a Flipzona, com programação para o público jovem; e tem as atrações promovidas por artistas intinerantes, como, cordelistas, cantadores, poetas, grupos de teatrinho de bonecos, que fazem suas performances pelas ruas; qualquer esquina pode ser seu palco. A praça da Matriz é um grande evento ao ar livre, com bonecos, os pés-de-livros, contadores de estórias e muito mais.


Para esta edição da FLIP cheguei na sexta-feira à noite, passei o sábado por lá. Tive a oportunidade de assistir a entrevista de Joe Sacco, escritor e jornalista Maltês (nascido na República de Malta, no Mediterrâneo), radicado nos Estados Unidos, que atualmente escreve quadrinhos sobre temas de guerras contemporâneas, como em "Notas sobre Gaza" e assisti tambem a entrevista com o escritor baiano, João Ubaldo.


Entre outros lançamentos, o romance do escritor português Valter Hugo, que se apresentou na sexta-feira, " A máquina de fazer espanhóis", esgotou na Flip.



Voltei à noitinha, carregado de livros, panfletos, brindes, lembrancinhas da cidade, feliz e renovado. E já me programando para a próxima, que homenageará o poeta Carlos Drummond de Andrade em 2012. Tô como pinto no lixo! Ou no luxo; clássico, cult, claro!



Abraços

Leia +...
segunda-feira, julho 4

Poema:

Comments
 
Foto: Jon Sullivan


O dia da Criação
By Tony




O barro soprado
Enrijece, faz-se vida.
Indaga seu mundo,
Criador, que lida!?

Sozinho, sem rumo,
Reluta em viver.
Mas, de uma costela extirpada
Eis que lhe surge um novo ser.

Ajuntam-se os barros
Para um único vaso conceber.
Costelas e carnes,
Dois seres, um viver.


Licença Creative Commons
A obra O dia da Criação de Tony foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.
Leia +...