"Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas." (Fernando Pessoa - Cartas de amor).
Muito revelador. Mas isto me intriga!
Seriam também todos os poemas de amor, ridículos!? Ou talvez, duplamente ridículos!
Visto que são uma forma de carta de amor, lançados ao vento e sem destinatário declarado, não estariam fadados ao ridículo do desprezo?
O autor, usando da "disfarçatez" do poeta, escreve sua missiva lírica a um não sei quem, que vive não sei onde, mas que não sei como acaba lendo-a. Guarda com o remetente alguma cumplicidade. Identifica-se com as palavras.
São vidas ao relento,
palavras ao vento,
versos de amor.
Ridículo!?
Chove lá fora,
o frio não demora,
meu coração dita:
simplesmente escrevo-os.
***
Bom final de semana, sejam ridículos, amem!