sábado, agosto 13

Chegando ao céu

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Quando um dia, que espero esteja bem distante, eu chegar às portas do céu (pura pretensão!), creio que terei problemas logo na entrada. Se for exigida a identificação e aquele cadastro interminável para a entrada de novatos, não vai dar certo.
Primeiro, por que já não tenho plena segurança de quem sou. E, se me perguntarem de onde venho, aí a coisa complica! Então, eu é que farei um monte de perguntas ao Recepcionista de plantão, para que posteriormente possa tentar responder a questões tão perturbadoras como estas para um reles mortal.
Quem sou eu?
Sou fruto ou semente, sou único ou apenas mais um? Sou o pó ou a obra? Sou a carne que me carrega ou o espírito que ela conduz?
De onde venho?
Depois de toda aquela existência terrena, deveria eu dizer que o lugar de onde venho é por ventura a desconhecida cidadezinha onde nasci? Não seria, por direito, o fatídico lugar onde acabei os meus dias? Ou, quem sabe, mais acertadamente, o lugar onde meu coração escolheu ficar? Venho de onde a vida tudo me deu, ou venho da terra que me negou teto e um amor não me concedeu?
Sou filho da terra que aceitou meu suor por um naco de pão, ou daquela que me deu por leito um pedaço de chão?

Findo o meu inquérito, com mais duas ou três perguntas pessoais, diria que venho do mais íntimo de mim, e que, na busca pelo paraíso de leite e mel, ali me encontro porque me disseram que “ali é o céu”. Portando, ao me perguntarem o porquê de estar ali, confirmaria que apenas por um precoce engano teria sido levado até aquele lugar. Mas, que tendo acesso à lista de convidados, talvez me atraísse ficar. Pois, a considerar pela vida terrena que conheci tão pouco, saber quem vai te acompanhar pelo resto da “vida” conta muito no final das contas. Por outro lado, caso não me apeteça permanecer, agradeceria imensamente que me informassem o caminho de volta.

Alguém conhece a saída?