Aos primeiros raios de sol versão 2011 e ainda com os ecos das explosões da noite anterior, acordei ainda zonzo. Polvilhado de areia como um cajuzinho, boca amarga. Parecia que tinha um monte de pregos na boca. Ao longe, vejo um barquinho azul. Opa, mas não está tão longe, bem perto! Era uma oferenda de Iemanjá que veio parar nos meus pés.
Depois de uma noite ao relento, o desconforto era total. Sujo, cansado e com frio. Porém defumado em ervas. Meu consolo é que ninguém havia urinado na minha cabeça e eu não era o único naquela situação. Olho para os lados e vejo dezenas de pessoas deitadas na areia, talvez centenas delas. Mas, eram as areias de Copacabana! E passar o Réveillon ali era tudo o que eu queria. Pelo menos até ontem. Talvez lá de cima de uma cobertura da Av Atlântica, de uma varanda do Meridien ou do Copacabana Palace a opinião seja diferente, mas daqui de baixo não da pra repetir. Nunca mais!
O cheiro da maresia se mistura ao de urina, de álcool, de pólvora queimada, das ervas, dos perfumes, e um amálgama indescritível invade as narinas dos sobreviventes do ano passado. Sem dúvida, o Réveillon em Copa é uma mistura explosiva, em todos os sentidos. Apesar do visível cansaço, não cabe no peito tanta satisfação. Um prazer a mais, um sonho a menos.
Bom, meu GPS cerebral já me localizou, estou bem, a carteira está no bolso, agora é só disputar um buzão pra chegar em casa e abraçar a todos – só não sei se alguém vai querer me abraçar neste estado. A gente tem cada sonho!
Bom dia 2011!
FELIZ SONHO NOVO!
créditos da imagem : Caspar Benson