domingo, janeiro 29

Dia de chuva e poesia

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Foto: Amy DiLorenzo


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Chove muito no eixo Rio-São Paulo por esses dias, parece até que alguém quer criar uma ponte, ou melhor, uma hidrovia entre as duas metrópoles. Não fosse pelas tragédias e prejuízos materiais e humanos que o excesso de chuvas pode acarretar, a gente bem que poderia lembrar da chuva apenas pela poesia que lhe é inerente.
A chuva é um convite a não sair de casa, um incentivo a não fazer nada, à preguiça, ao aconchego. Hoje, aliás, há uns quatro dias, chove bastante por aqui (Niteroi) e eu me deixei levar um pouco por este espírito manhoso. Lendo alguma coisa sobre chuva (que não tragédias), achei bem interessante esse soneto, que repasso para vocês.

Dia Chuvoso

A chuva fina polvilhando a Terra
Como cortina úmida de seda,
Atrás de si o sol radiante encerra;
Pinta de cinza o mundo em sua queda;

Confina a vida aos casacões de lã;
E nos convida à improdutividade:
Quem sabe os planos deixar pra amanhã?
Pro outro ano? Ou pra eternidade?

O tempo passa enquanto a chuva cai,
E a Terra abraça a água, e se embriaga,
E balbucia um poema de amor;

E a chuva embebe (enquanto o tempo vai)
Quem não percebe qual torrente o traga:
Se a chuva fria ou sua própria dor...

Ederson Peka




Boa semana a todos!

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O trabalho Dia de chuva e poesia de Ederson Peka foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
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