terça-feira, julho 7

Mãe fui à Feira

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Mãe já voltei! Foi massa!
Realizei um sonho, sabe. Desde a primeira FLIP em 2003 que eu sonhava ir a esse evento maravilhoso. Não pela cidade por que eu já conhecia de passeios de verão, mas ir à FLIP foi o máximo!

Você não conhece, né mãe. O caminho do Rio a Paraty, pelas encostas da Serra Geral e Serra da Bocaina é uma beleza! Cada curva é uma surprêsa. À direita a gente vai vendo o que restou da Mata Atlântica, mas ainda é muito lindo; vegetação exuberante, cachoeiras, clima ameno. A chamada Costa Verde é magnífica! À esquerda, as praias, marinas, enseadas, muitas ilhas e encostas completam o cenário paradisíaco. Ah, a gente passa também pela usina nuclear de Angra. O visual choca. Destoa da paisagem. Mas deixa a viagem pra lá. Vou te falar da FLIP.

A cidade, fundada em 1667, encanta qualquer um. No centro histórico, parece que você caiu dentro do cenário de uma novela de época.


A FLIP é um barato! Como diria minha filha: é show, é massa, é maneira! É tudo isso aí. Olha, dos eventos oficiais não vou falar muito não, sabe. Por que deles todo mundo fala, todos os jornais divulgam demais. São muito interessantes e muito bem organizados, sem dúvida. Você tropeça em escritores, cineastas, músicos e jornalistas de todas as nacionalidades. É uma Babel organizada!


Os eventos oficiais, concentrados à beira do canal, consistem basicamente da Tenda dos autores, onde rolam as entrevistas com os escritores convidados; a Tenda do Telão, onde são transmitidas ao vivo as entrevistas que estão rolando na tenda dos autores; a Tenda da Flipinha, local onde são recebidos os leitores infantis; e a disputadíssima Tenda dos autógrafos.

O dia mais badalado, depois da abertura, foi a sexta-feira, quando se apresentaram Chico Buarque e Milton Hatoum.



Mas o que mais me impressionou foi a quantidade e qualidade de eventos paralelos. A cidade respira literatura e arte. À noite cada Café ou barzinho tem uma atração. Saraus, leituras de poesias, serestas, apresentação de músicos, exposições de arte, é demais!


Nas praças você se vê cercado pela literatura. São livrarias, tendas, bancas, cheias de livros pra todo gosto. Os livros caem das árvores. Já ouviu falar em pé-de-livro. Poi é, eles penduram os livros nas árvores para atrair a criançada.


Outro detalhe interessante são os bonecos saídos da literatura direto para a Praça da Matriz. Tem Quixote, Mobi Dick e muitos outros.


Tem cordelistas a caráter, apresentando seus folhetos pelas ruas e muitos escritores anônimos, batalhando para divulgar e vender seu primeiro livro. É barra. O cara tem que bancar a edição e ainda sir por aí tentando vender. Vida de escritor é dura! É aqui que a gente vê que ninguém nasce um Machado ou Euclides, não! Tem que conquistar o leitor. É um caminho longo.
A poesia e a pintura disputam seu lugar pelas esquinas. Pintores e poetas apresentam seus trabalhos pelas calçadas mesmo. Por falar em poesia, o homenageado desta sétima edição da Feira foi Manuel Bandeira, olha só! A cidade era só poesia!



Fiquei encantado. Com certeza voltarei em outros eventos, mas da próxima vez trarei alguém para compartilhar de toda essa beleza comigo. Me senti um pouco só, no meio de tanta gente. Pode?! Depois de muito folhear livros e assistir às entrevistas dos escritores James Salter, americano, e Anne Enright, irlandesa, fui dar uma voltinha pela cidade, comer alguma coisa e procurar um lugarzinho para descansar e folhear os livros que comprei.

Parei em frente a igreja de Nossa Senhora das dores, na orla, quase cochilei deitado na grama. Mas lembrei que tava na hora de pegar a estrada de volta. Passei para me despedir de Santa Rita, e pé na estrada. O mais eu te conto pessoalmente, ou, se você quiser, dá uma olhada no site oficial da FLIP. Tem muito mais!


Isso é para ti.