
O dia dos namorados me fez ver, de uma forma muito nostálgica até, que a era digital definitivamente põe fim a uma linda forma de expressão, que, por séculos, tanto enriqueceu os relacionamentos à distancia e a literatura. As cartas de amor.
Falo daquelas legítimas cartas de amor, em papel especial, perfumadas, com um fio de cabelo, com florzinha, com marcas de beijo e até uma lágrima incontida.
Não havia romance verdadeiro sem elas. Estas cartas eram sempre motivadas pela forçada separação dos amantes, ou em alguns casos por namoros proibidos ou secretos. Eram cartas do jovem que foi estudar fora, de amantes separados pela guerra ou pelo serviço militar simplesmente, de pessoas que se viam separadas por causa do trabalho, como mercadores ou caixeiros, ou até de separações motivadas por doenças ou exílio político.
Ela era a prova documental do romance. A imagem do soldado em missão de guerra que recebe cartas da noiva que o espera de forma incondicional em algum lugar distante povoou muitas estórias de amor na literatura e no cinema. Havia casos em que toda a fase de namoro se fazia por cartas apenas, e os apaixonados se viam por ocasião do casamento. Caso o amado não voltasse restariam as cartas.
A carta de amor era algo especial, muito pessoal e muito própria de cada um. Cada remetente, ou, para usar um termo da época, cada missivista, tinha a sua maneira particular de ilustrar, perfumar e até dobrar a sua cartinha. Sem contar a caligrafia, que era o que havia de mais particular.
Durante minha experiência de serviço militar cheguei a colecionar algumas pérolas destas. Depois elas perderam o sentido. Mas era muito bom receber cartas de meninas naquela situação de exílio voluntário, e até motivo de orgulho perante os colegas. No momento da distribuição da correspondência quem não as recebia era motivo de zombaria.
As legítimas cartas de amor hoje são vistas pelos tecnomaníacos como um fóssil da comunicação. A onda hoje é mensagem eletrônica.
É uma pena que os avanços tecnológicos tenham que sacrificar instrumentos, hoje arcaicos, porém tão ricos e belos como este.
Namoro a Distancia · 587 semanas atrás
Namoro a Distancia · 587 semanas atrás
Aconselho a todos a ler
obrigado
Daniel · 772 semanas atrás
http://submundosemmim.blogspot.com
Tania Regina 58p · 772 semanas atrás
Aos dezoito anos tive um namorado que foi estudar em Recife e nosso namoro era no período de férias. Nos demais meses do ano trocávamos cartas ( nessa época era o correio lesma mesmo, nada de e-mail ) . Todas as semanas eu recebia uma carta dele e vice-versa. Nosso namoro durou dois anos , mas eu guardei todas as cartas em uma linda caixa , como lembrança .
Algum tempo depois , quando me casei , ao deixar a casa dos meus pais e mudar para minha própria casa , alguém que me ajudou na mudança colocou a caixa de cartas junto com os meus livros , em outra caixa maior . Não dei muita importância ( as cartas já não eram mais importantes para mim e nem tinha noção do problema que poderia representar ) . A caixa foi parar em uma gaveta de um armário . Um belo dia meu marido abriu a gaveta e achando a caixa bonitinha teve curiosidade de saber o que ela continha . Imagina o problemão que eu tive depois... rs
Bjs
Tony · 772 semanas atrás
O problemão é por que vc nao casou com o autor das cartas!, Rs
Assim alas sarão sempre um problema, mais cedo ou mais tarde. Entao suas cartas certamente tiveram um fim trágico... fogo!
Bjo Thania
Tony · 773 semanas atrás
Acho que voces perderam uma parte boa da estória, rs
Acredito que principalmente para as meninas era um momento muito especial receber cartas de amor.
Beijos
Lugirão · 773 semanas atrás
Vou fazer uma campanha para alguém mandar cartas de amor para e mim e para a Layla, rs.
Eu ainda tenho algumas cartas , mas de amigos.
layla · 773 semanas atrás
beijo Tony
Lugirão · 773 semanas atrás
Esse é um fato bem interessante, acho que hoje poucos escrevem cartas de amor, acho que só nos lugares remotos aonde a internet não chega. Hoje troca-se email de amor, é o preço da tecnologia que tem as suas vantagens.
Mas seria bem interessante e surpreendente receber uma carta de amor nos dias de hoje. Adorei teu texto e o vídeo.
Boa semana , Bjo.