segunda-feira, junho 14

Cartas de amor

Comentaram (9)
 

O dia dos namorados me fez ver, de uma forma muito nostálgica até, que a era digital definitivamente põe fim a uma linda forma de expressão, que, por séculos, tanto enriqueceu os relacionamentos à distancia e a literatura. As cartas de amor.

Falo daquelas legítimas cartas de amor, em papel especial, perfumadas, com um fio de cabelo, com florzinha, com marcas de beijo e até uma lágrima incontida.

Não havia romance verdadeiro sem elas. Estas cartas eram sempre motivadas pela forçada separação dos amantes, ou em alguns casos por namoros proibidos ou secretos. Eram cartas do jovem que foi estudar fora, de amantes separados pela guerra ou pelo serviço militar simplesmente, de pessoas que se viam separadas por causa do trabalho, como mercadores ou caixeiros, ou até de separações motivadas por doenças ou exílio político.

Ela era a prova documental do romance. A imagem do soldado em missão de guerra que recebe cartas da noiva que o espera de forma incondicional em algum lugar distante povoou muitas estórias de amor na literatura e no cinema. Havia casos em que toda a fase de namoro se fazia por cartas apenas, e os apaixonados se viam por ocasião do casamento. Caso o amado não voltasse restariam as cartas.

A carta de amor era algo especial, muito pessoal e muito própria de cada um. Cada remetente, ou, para usar um termo da época, cada missivista, tinha a sua maneira particular de ilustrar, perfumar e até dobrar a sua cartinha. Sem contar a caligrafia, que era o que havia de mais particular.

Durante minha experiência de serviço militar cheguei a colecionar algumas pérolas destas. Depois elas perderam o sentido. Mas era muito bom receber cartas de meninas naquela situação de exílio voluntário, e até motivo de orgulho perante os colegas. No momento da distribuição da correspondência quem não as recebia era motivo de zombaria.

As legítimas cartas de amor hoje são vistas pelos tecnomaníacos como um fóssil da comunicação. A onda hoje é mensagem eletrônica.

É uma pena que os avanços tecnológicos tenham que sacrificar instrumentos, hoje arcaicos, porém tão ricos e belos como este.


Boa semana a todos!

Comentários (9)

Carregando... Logando...
  • Logado como
Obrigado por esta informação valiosa que tenho gostado de ler
Muito boa informação
Aconselho a todos a ler
obrigado
As cartas de amor me lembram os meus amores infantis. Ultilizei muito elas para tentar encantar "minhas amadas". Hoje em dia são meras lembranças... Tem Euclides no Sub Mundos. Um abraço.
http://submundosemmim.blogspot.com
Tony e Lugirão ,

Aos dezoito anos tive um namorado que foi estudar em Recife e nosso namoro era no período de férias. Nos demais meses do ano trocávamos cartas ( nessa época era o correio lesma mesmo, nada de e-mail ) . Todas as semanas eu recebia uma carta dele e vice-versa. Nosso namoro durou dois anos , mas eu guardei todas as cartas em uma linda caixa , como lembrança .
Algum tempo depois , quando me casei , ao deixar a casa dos meus pais e mudar para minha própria casa , alguém que me ajudou na mudança colocou a caixa de cartas junto com os meus livros , em outra caixa maior . Não dei muita importância ( as cartas já não eram mais importantes para mim e nem tinha noção do problema que poderia representar ) . A caixa foi parar em uma gaveta de um armário . Um belo dia meu marido abriu a gaveta e achando a caixa bonitinha teve curiosidade de saber o que ela continha . Imagina o problemão que eu tive depois... rs

Bjs
1 resposta · ativo 772 semanas atrás
Dios mio!
O problemão é por que vc nao casou com o autor das cartas!, Rs
Assim alas sarão sempre um problema, mais cedo ou mais tarde. Entao suas cartas certamente tiveram um fim trágico... fogo!

Bjo Thania
Lu, Layla,

Acho que voces perderam uma parte boa da estória, rs
Acredito que principalmente para as meninas era um momento muito especial receber cartas de amor.

Beijos
1 resposta · ativo menos de 1 minuto atrás
Verdade, sniff,rs.
Vou fazer uma campanha para alguém mandar cartas de amor para e mim e para a Layla, rs.
Eu ainda tenho algumas cartas , mas de amigos.
nunca escrevi e nem recebi uma carta de amor... mas lendo seu belo texto, fiquei até com vontade de escrever e de receber algumas..rsss

beijo Tony
Tony, nunca troquei cartas de amor...
Esse é um fato bem interessante, acho que hoje poucos escrevem cartas de amor, acho que só nos lugares remotos aonde a internet não chega. Hoje troca-se email de amor, é o preço da tecnologia que tem as suas vantagens.
Mas seria bem interessante e surpreendente receber uma carta de amor nos dias de hoje. Adorei teu texto e o vídeo.
Boa semana , Bjo.

Postar um novo comentário

Comments by