sábado, abril 2

A caravana passa

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Dentro em pouco nascerá o sol. Brilhará por mim, por ti, e pela noite que lhe serviu de cobertor. Substituirá brilhantemente a lua que acaba de encerrar seu turno. E eu, aqui, perdendo minutos preciosos, lamentando águas passadas, chorando o leite derramado, escrevendo insanidades. As horas se esvaem; com água ou com leite! Detenho-me em detalhes mínimos que o tempo consumira em segundos. Trilho caminhos diferentes a cada dia sem me dar conta da beleza deles. Nem sequer me apercebo dos lírios à beira da estrada. Aliás, nem sei mais qual era a estrada; não adianta tentar voltar. Daqui a pouco será noite outra vez e só então me darei conta de que o mundo continuou girando; o tempo passando, você me esperando... Será sempre assim: comigo ou sem mim, a caravana passa. [...] Agora me dou conta: perdi o bonde! Espero não perder a linha! No próximo eu embarco. Por que tem que ser sempre assim?