sábado, abril 30

Pedaços de mim

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Carreei pedras para a construção da igreja, testemunhei a conclusão dos seus alicerces. Amassei com meus próprios pés o barro que uniria aquelas rochas e com o qual assentariam os primeiros tijolos. A nave, a sacristia, o campanário tudo bebera do meu suor. Aquele trabalho árduo, contudo, enchia-me de orgulho e de um presumido prestígio com a santinha, que ansiosa aguardava, numa capelinha precária, a hora de ocupar seu lugar no altar.

Desde aquela ocasião, o que mais me marcou em relação a minha ligação com a cidade, foi quando, anos mais tarde, deixei minha terra querida. Ao longe, através da janela do expresso serrano, sobressaindo à nuvem de poeira que levantava da estrada, irrompia altaneira a torre da Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Foi a última recordação que guardei do lugar em que nasci. Quando a poeira assentou meu olhar já vislumbrava outros horizontes, construía novos sonhos.