terça-feira, junho 23

Evolução:

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A tecnologia e o polegar


A evolução do homem como animal se dá de forma muito gradativa e de acordo suas necessidades de sobrevivência. Supondo aqui que você aceita a hipótese de que ele evoluiu dos símios, seus ancestrais hominídeos – que me perdoem os criacionistas - em algum estágio ele desceu das árvores e foi aos poucos desenvolvendo as habilidades de se deslocar, até chegar a correr como bípede.

Um dos sinais antropológicos dessa evolução pode ser observado quando comparamos a mão do homem moderno com a mão do macaco. Na mão do macaco o polegar (dedo oponível) não se contrapõe aos demais dedos. Ele não tem a pegada que o humano tem quando segura, por exemplo um bastão de beisebol. Com esse diferencial, o homem seguiu desenvolvendo inúmeras habilidades e profissões, através das quais muito contribuiu para o progresso da humanidade.

Em tempos remotos, o polegar já foi muito utilizado, até para condenar à morte aqueles que se encontravam do lado “errado” da “evolução”. Mais tarde, com o assustador desenvolvimento tecnológico que conseguiu e a consequênte automação dos processos produtivos e de comunicação o homem viu-se de repente sem aplicação para seu precioso polegar. Salvo pelas ocasiões em que precisaria pedir carona ou aprovar ou reprovar a atitude de um colega, o polegar não serviria pra mais nada, visto também que o homem já sabe “assinar” seu nome. Restava-lhe apenas a mera função de compor a empunhadura no manuseio de ferramentas manuais, função pouco nobre.


Contudo, a mesma tecnologia que o fez parecer inútil veio, com o advento da telefonia celular, dar-lhe um novo alento e uma nova e nobre aplicação. O aparelho celular virou um apêndice do homem moderno. Quando digo homem refiro-me a mulheres e homens da mesma forma, seres dependentes da tecnologia. Mulheres, talvez até mais que homens. Não saem de casa sem ele. Aliás, não vão sequer ao banheiro sem o pet. Ë como se fosse um tamagoshi que cada um tem que cuidar – lembra do bichinho virtual?

Pelas ruas é comum vermos pessoas alucinadas, olhando para cima, empunhando o indispensável aparelhinho. Giram, resmungam, olhando para as nuvens como se elas próprias estivessem rastreando satélites. Aliás, com os aparelhos mais novos, com fones de ouvido, o orgulhoso proprietário parece mais um louco falando sozinho pelas ruas.

Há quem utilize dois, até três aparelhos. Não sei como conseguem, mas o fazem. Mais do que isso acho que é loucura mesmo! É um para atender a mãe, outro para atender a namorada e o terceiro para atender o patrão. Os três interlocutores que exigem tratamento especial.


Nessa correria o polegar encontrou emprego. O usuário precisa empunhar o aparelho e digitar com a mesma mão. Não tem outro jeito, só com o polegar. Já experimentou segurar o celular e digitar com outro dedo que não seja ele, só se for com a outra mão. O polegar virou digitador. Mensagens, torpedos, discagens, fotos, tudo com muita agilidade. Além do mais, o homem passou a ser ambidestro, pelo menos no que diz respeito ao uso do celular.

Se esta tecnologia resistir por muitos anos poderemos acabar ficando com polegares superdesenvolvidos, até maiores que o indicador. Vai ficar estranho! Mas agora me ocorreu que, caso a tecnologia de comando de voz realmente funcione o polegar corre o risco de perder outra vez a função mecânica, ou atrofiar de vez. Afinal, polegar não serve para limpar o nariz, tirar cera do ouvido, nem para coçar.

Complicada essa evolução! Quem vai explicar isso, a antropologia ou a tecnologia? Ih! Dá licença que o meu ta tocando...