terça-feira, dezembro 1

O Reencontro

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Não podemos falar muito de nossas experiências de vida, senão acabamos nos entregando e logo todos estão sabendo a idade que temos, não é mesmo? Sabe aquela expressãozinha: “Ah, no meu tempo era assim, no meu tempo era assado, quando eu era...” Pois é... Se você está preocupado em admitir a idade que tem nunca pronuncie estas pérolas.
Como se não bastasse, já inventaram um aparelhinho que encantou até os mais primitivos habitantes da nossa terra. Ele é cruel. O famoso espelho. Você deve ter um por perto. Mas não olhe agora. Você pode estar ficando velho!
No entanto existem outras formas mais agradáveis de constatarmos que o tempo está passando e que naturalmente nos fazem ver a triste realidade. Quando menos se espera, estamos diante da nossa própria estória, ou correndo atrás dela. Recentemente tive o prazer de reencontrar amigos do tempo de colégio. Turma de ginásio, primeiro grau ou como se diz hoje ensino fundamental. Era o ciclo de sexta a oitava série, hoje seria sétimo ao nono ano. Olha só! Até os termos da educação envelhecem! Foi o maior barato, foi dez, legal, mara! Enfim, não sei qual é a gíria que está em voga hoje, mas foi tudo isso aí. Ah, e serviu para constatarmos que, pasmem, envelhecemos!

Graças às facilidades de internet conseguimos reunir um bom número de ex-alunos da Escola de 1º Grau Hermínio Barroso. Não muitos, mas o bastante para reconstruirmos um pedaço gostoso da nossa história. Lembramos os apelidos, as manias, as brincadeiras e os namoricos de cada um (flertes). Recordamos muitas coisas bacanas que fizemos juntos e lamentei as coisas boas que deixei de fazer também (um monte de broto e eu não pegava ninguém). Não tinha Internet, pelo menos não ao nosso alcance. A gente mandava recadinhos pela melhor amiga, escrevia mensagens no caderno, jogava aviãozinho ou rabiscava versos no diário dela.
É muito bom rever amigos que não vemos há tanto tempo e perceber que, de alguma forma, ainda lembram-se de você, embora seja depois de algum esforço e estranhamento diante de seus cabelos grisalhos. As meninas, de cara vê-se que são todas usuárias de tintura de cabelo. Viciadas no cheiro da amônia! Dentre todos, alguns vigilantes do peso, outros inimigos da balança. Aquela que em outros tempos desejei tanto e que me fazia tremer dentro do vulcabrás, estava lá, diante dos meus olhos. Incrível! Agora, dentro de um Nike, eu não tremia mais (certamente não tem nada a ver com a marca, mas foi uma dura constatação). O tempo passou e nem nos demos conta.
Mas nada disso importa muito! A graça está em perceber, com uma certa facilidade, que dentro de cada um deles ainda existe um pouco do moleque ou da moleca que foram um dia. E é isso que nos faz reconhecer neles as mesmas pessoas.
Oh Chronos cruel!
Adorei revê-los!
Garçon, a conta!


“A arte de envelhecer está em encontrar o prazer que cada idade proporciona”
(Cícero, 44 a. C.)