
As portas da loucura estão sempre escancaradas e com o vento soprando em diração a elas. Não posso cruzar a linha: paro, olho, escuto... Não ouço nada! Prossigo.

As portas da loucura estão sempre escancaradas e com o vento soprando em diração a elas. Não posso cruzar a linha: paro, olho, escuto... Não ouço nada! Prossigo.
Acordei de súbito com a sensação de que havia algo andando sobre as minhas costas. De pronto não abri os olhos. Por alguns segundos me perguntei o que seria aquilo. Temendo a resposta. fiquei a avaliar a coisa. Parecia ser dotada de dois tentáculos. Sua textura, forma e temperatura, porém, não metiam medo. Era algo esponjoso, macio, um pouco rijo, e movia-se com delicadeza. Da lombar até a cervical. Passado o espanto, um arrepio gostoso seguia agora o mesmo trajeto.
Quando ela se deu conta de que eu havia acordado, judiou mais ainda de mim. Nua da cintura para cima, debruçava-se sobre meu corpo. Roçando os mamilos nas minhas costas, indo até tocar os lábios na minha nuca. Deixou, em seguida, seus longos cabelos negros deslizarem sobre o meu rosto, orelhas e, por fim, cobriu-me de beijos.
- Que coisa!O que pode haver de errado em um livro numa feira de livros?
Não sei se já disse isto por aqui, mas sou rato de livrarias, ou melhor, uma traça. Adoro livrarias, sebos e feiras de livros.
Uma das coisas que fiz quando de férias em Fortaleza, em janeiro último, foi visitar livrarias, feiras de livros e até editoras. Quando estava transitando entre as bancas da feira de livros na Praça dos Leões um vergonhoso detalhe me chamou a atenção: livros didáticos, de venda proibida, expostos à venda.
A princípio pensei que fosse apenas um exemplar perdido por ali e que o livreiro o vendesse por uma mixaria de talvez dois ou cinco reais. Ledo engano!
O que constatei após rodar toda a feira foi que quase todos os livreiros tinham aqueles livros, aos montes, para vender. E detalhe. Caríssimos! Quase o preço de livraria.
Aquilo me revoltou, principalmente, porque aquela é uma feira controlada por órgãos públicos municipais e todos os livreiros são cadastrados, com crachá e tudo mais.
Por que esse tipo de comércio existe? Porque há quem compre achando que está levando vantagem. A suposta vantagem financeira se perderá em face ao prejuízo, moral, ético e de formação da cidadania.
Os tais livros são aqueles que os professores ou as escolas recebem gratuitamente das editoras para análise e possível adoção para sua pratica pedagógica anual. O que mais me revoltou foi saber, após conversa com alguns comerciantes, que os próprios professores juntam os livros e os levam para vender ao livreiro, que os revende. Absurdo! Porque estes mesmos livros não são destinados a bibliotecas ou doados a alunos carentes ou mesmo cambiados entre professores ou escolas interessadas? Onde está a fiscalização? Onde ficou a ética destes professores? E o escrúpulo do comerciante? Tenho que admitir que algumas coisas na minha terra ainda me envergonham.
Pela primeira vez saí de uma feira de livros sem levar nada.
Ao retornar de férias sempre se tem algo para contar. Seja das alegrias dos bons momentos, das novas amizades ou algum evento desagradável que se quer esquecer logo.
Agora, que as malas, já desfeitas, voltaram aos seus devidos lugares, é hora de colocar as idéias no lugar, organizar as fotos e administrar a saudade.
Passei janeiro em Fortaleza, minha terra natal. Já não lembrava o quanto chove por lá neste período. Mas, a chuva não foi impecílio para que eu desfrutasse das boas coisas da terra. A culinária, o humor, o sol forte, mesmo em período chuvoso e a hospitalidade de seu povo.
Foi justamente em um dia de chuva que tive a grata satisfação de conhecer, pessoalmente, pois já admirava seu trabalho ha algum tempo à distancia, o poeta e ilustrador Klévisson Viana. Já falamos dele por aqui.
O agradável encontro se deu nas dependências da Editora Tupynanquim, que é dirigida pelo escritor, onde fui muito bem recebido. A editora promove a cultura regional e distribui a literatura de cordel para todo o Brasil, principalmente para o nordeste, berço desta arte que adquiriu nuances tão brasileiras.
Perdi até a noção do tempo enquanto folheava algumas de suas excelentes obras, clássicos em formatos revolucionários, como “Lampião” em quadrinhos, “O Quixote” e “Os Miseráveis”, em versos de cordel.
Adquiri alguns exemplares. Para meu deleite, generosamente autografados. A leitura de bordo estava garantida! Minha viagem de retorno então seriam “duas”. O deslocamento físico e a deliciosa viagem que é uma boa leitura.
Nossos agradecimentos à tupynanquim e ao poeta e ilustrador Klévisson Viana.