terça-feira, fevereiro 22

Um dia de 25 horas: doce utopia!

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Todo fim de verão é a mesma coisa. Nas regiões onde se implantou o horário brasileiro de verão, as pessoas se amontoam em lugares públicos, cada um a sua maneira, buscando aproveitar aquela horinha a mais proporcionada pela transição do HBV. Uma hora a mais para divertir-se, comer, beber, namorar e papear. Não sei se ocorre o mesmo na regiões mais centrais do país, porém no litoral, cariocas e niteroienses principalmente, acorrem para a orla em busca de acomodações em bares, quiosques, nas calçadas ou mesmo na areia da praia para ali assentarem a sua tribo e curtirem a brisa de uma noite de verão até mais tarde.

Na verdade todos sabem que é puramente uma manobra de relógios, é utópico, mas aqui tudo vira uma festa. Só falta acabar em samba! O litoral fervilha de vida: jovens, crianças, idosos, animais e a natureza à disposição por “mais uma hora”. Os comerciantes não tem do que reclamar, nem eu.

No último dia do horário de verão (19/02), sábado, aproveitei minha horinha também que não sou de ferro. Caminhei pelo calçadão de Charitas - Niterói, tomando uma água de coco, mastigando pensamentos, digerindo problemas. Um conhecido aqui, outro ali, troco algumas palavras, e volto-me aos meus botões.

Meia noite volta a ser 23 horas. Prossigo com o passeio e encerro a noite desejando mais horas extras, para ver o vento varrer a areia, varrer as folhas, varrer as horas, varrer a vida. E isto me lembra Manuel Bandeira.

“Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E as amizades…
O vento varria as mulheres…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos…
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Manuel Bandeira. (Lira dos Cinquent’anos)

Cada um aproveita como pode.

Boa semana a todos!