sábado, fevereiro 12

O Livro Proibido

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O que pode haver de errado em um livro numa feira de livros?

Não sei se já disse isto por aqui, mas sou rato de livrarias, ou melhor, uma traça. Adoro livrarias, sebos e feiras de livros.

Uma das coisas que fiz quando de férias em Fortaleza, em janeiro último, foi visitar livrarias, feiras de livros e até editoras. Quando estava transitando entre as bancas da feira de livros na Praça dos Leões um vergonhoso detalhe me chamou a atenção: livros didáticos, de venda proibida, expostos à venda.

A princípio pensei que fosse apenas um exemplar perdido por ali e que o livreiro o vendesse por uma mixaria de talvez dois ou cinco reais. Ledo engano!

O que constatei após rodar toda a feira foi que quase todos os livreiros tinham aqueles livros, aos montes, para vender. E detalhe. Caríssimos! Quase o preço de livraria.

Aquilo me revoltou, principalmente, porque aquela é uma feira controlada por órgãos públicos municipais e todos os livreiros são cadastrados, com crachá e tudo mais.

Por que esse tipo de comércio existe? Porque há quem compre achando que está levando vantagem. A suposta vantagem financeira se perderá em face ao prejuízo, moral, ético e de formação da cidadania.

Os tais livros são aqueles que os professores ou as escolas recebem gratuitamente das editoras para análise e possível adoção para sua pratica pedagógica anual. O que mais me revoltou foi saber, após conversa com alguns comerciantes, que os próprios professores juntam os livros e os levam para vender ao livreiro, que os revende. Absurdo! Porque estes mesmos livros não são destinados a bibliotecas ou doados a alunos carentes ou mesmo cambiados entre professores ou escolas interessadas? Onde está a fiscalização? Onde ficou a ética destes professores? E o escrúpulo do comerciante? Tenho que admitir que algumas coisas na minha terra ainda me envergonham.

Pela primeira vez saí de uma feira de livros sem levar nada.