Como quase tudo na natureza, nós somos também um pouco cíclicos, tanto biologicamente quanto no que se refere ao comportamento. Já me ocupei de várias atividades nesta vida, nada de que me envergonhe, mas confesso às vezes fico um pouco desapontado comigo mesmo quando alguém me cobra algo interessante que eu costumava fazer, e que por algum motivo já não pratico. Não que eu tenha esquecido como se faz, mas, porque, como dizem por aí, a onda agora é outra.
Não faz muito tempo, nas minhas andanças, encontrei um amigo de infância há muito fora da minha agenda. Na rápida conversa que tivemos, ele me fez lembrar quando éramos adolescentes e, segundo ele, eu fazia lindas esculturas de areia nas praias de Fortaleza. Fiquei muito contente que o amigo tivesse resgatado esta parte já soterrada de mim, pois as tais esculturas há muito haviam desmoronado na minha memória.
Numa outra ocasião, mais recentemente, uma amiga chegou pra mim, cheia de expectativas, com um bloco de papel e lápis nas mãos. Ela me pediu que lhe fizesse um desenho bem bonito, como antigamente. Aquilo me pegou de surpresa, pois não tinha a menor motivação para desenhar naquela ocasião. Pedi então um tempo à moça. O fato é que, mesmo transcorrido o tempo solicitado, não consegui desenhar nada que prestasse. Fiquei muito desapontado. E ela também, claro!
Você muda tanto de fases assim? Sou desse jeito, meio inquieto. Mas, ainda espero, muito em breve, poder voltar a transitar por estes campos férteis. Refazer ciclos da minha vida cheios de atividades prazerosas como desenhar, pintar, esculpir. Hoje, tento, meio desajeitado, dar cor às palavras, esculpir sonhos.
Boa semana!
A obra Homens de fases de Tony foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.