sábado, setembro 27

"Inculta e Bela"

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A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: “a última flor” é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo “inculta” fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado) e o “bela” porque, apesar dos pesares, ela continua assim o sendo.

Ultimamente ando irritada ao constatar como nossa pobre-rica língua portuguesa está sendo aviltada, tamanho os absurdo que leio e ouço por ai.

Como nossa gramática é complexa e cheia de regras, de verbos irregulares, todos nós somos passíveis de erros, mas ignorar as mais simples regras de ortografia, de concordância nominal e verbal, acredito ser um desrespeito ao leitor.

Também não gosto de quem se vale da utilização excessiva de metáforas, algumas descabidas, tornando a leitura do texto quase incompreensível.

Porém, o que mais me deixa perplexa é que tem pessoas que insistem em ignorar o bom português mas usam e abusam de palavras e expressões estrangeiras, em detrimento da nossa Língua-Pátria. Aliás, faz muito tempo que trocaram palavras simples do vocabulário pelo som alienígena e descabido havido nos termos estrangeiros (sobretudo o inglês) que prosperam sem nenhuma cerimônia.

Porque estou falando sobre isso? Bem, hoje resolvi fazer um giro por vários blogs e fiquei chocada com os absurdos que encontrei e a conclusão que cheguei é que, infelizmente, uma grande parcela da população virtual desconhece inteiramente a nossa gramática. Isso é lastimável!

Então que tal ao escrever, em caso de dúvida, usar o corretor ortográfico, o dicionário e a boa e velha gramática? O leitor agradece!


Língua portuguesa
Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o tom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


(poema extraído do livro "Poesias", Livraria Francisco Alves - Rio de Janeiro, 1964, pág. 262.)